🦊A Fábula do Vale da Justiça
Era uma vez um vale fértil, onde os animais viviam em aparente harmonia. As árvores ofereciam sombra, os rios forneciam água fresca e os campos produziam alimento em abundância. Mas, com o passar do tempo, algo mudou.
Alguns animais, mais fortes e astutos, começaram a explorar os demais. Cobriam os campos com cercas, tomavam a água para si e vendiam até a sombra das árvores. O coelho pagava caro por uma folha de alface, a coruja já não tinha onde repousar, e até o vento, que sempre fora livre, parecia aprisionado.
Os mais fracos sofriam em silêncio. Muitos acreditavam que nada poderia ser feito. "É o destino", diziam as ovelhas. "É assim que sempre foi", repetiam os bois. Mas dentro do coração de alguns, uma inquietação crescia.
Foi então que a raposa, conhecida não por astúcia enganosa, mas por sua sede de justiça, reuniu os animais ao cair da noite. Disse-lhes:
Não é justo que a força de poucos se torne a miséria de muitos. Precisamos nos unir, não para destruir, mas para defender o que é de todos.
E assim nasceu o Conselho do Vale — um grupo de animais de todas as espécies, dispostos a lutar pelo bem comum. A coruja trouxe sua sabedoria, o cachorro sua lealdade, o beija-flor sua leveza, e até a tartaruga, com seu passo lento, trouxe perseverança.
Eles se organizaram: observavam os abusos, reuniam provas, escutavam as queixas dos aflitos. Quando um lobo cobrava demais pelo pasto, enviavam uma mensagem firme. Quando a águia tentava dominar o céu sozinha, entravam em acordo. E quando a injustiça era grande demais, o Conselho marchava até o tribunal dos homens para exigir reparação.
Com o tempo, os animais perceberam que não estavam mais sozinhos. O medo cedeu lugar à esperança. O vale não se transformou de um dia para o outro, mas o simples fato de existir um Conselho mostrou que a justiça era possível.
E assim, a fábula do Vale da Justiça ecoou além das colinas, alcançando outros lugares, inspirando novas vozes, lembrando a todos que quando os pequenos se unem, até os grandes precisam ouvir.